De acordo com Mott (2000), o curso de enfermagem
criado no Hospital Samaritano em 1896 sob o regime de internato foi considerado o primeiro
a adotar o sistema de ensino nightingaleano no Brasil pois,
enfermeiras inglesas, ao trabalharem no hospital, ensinavam o ofício para outras mulheres, em sua grande maioria também inglesas ou filhas de ingleses residentes no Brasil.
Posteriormente chamada de Escola de Enfermagem
Lauriston Job Lane (1959), eram médicos os que
ministravam as aulas. Essa instituição de ensino funcionou de 1959 a 1971.
Originalmente, o Hospital Samaritano contratou enfermeiras
inglesas formadas pela Escola de Florence Nightingale as
quais disseminaram seus conhecimentos junto às internas, mulheres abnegadas ao ofício, chamadas de nurses ou matrons
quando assumiam posições mais elevadas ou cuja vivência hospitalar fosse considerada relevante. Apesar do provável pioneirismo quanto à implantação do modelo nIghtingaleano, essa antiga instituição de ensino da enfermagem não conseguiu notoriedade no Brasil, resultando uma omissão de sua história
até praticamente os dias de hoje. Clássicos da literatura,
entretanto, afirmam que a primeira escola de enfermagem a adaptar o modelo nightingaleano no Brasil foi a Escola de Enfermagem Ana Néri, em 1923.
A Escola de Enfermagem do Hospital Samaritano, em seu anonimato, permaneceu à margem da historiografia
oficial da enfermagem brasileira, fator explicado, talvez, pelo fato de tratar-se de uma escola criada em hospital privado, com orientação não católica e fora da capital da República da época, vale dizer, o Rio de Janeiro, fato histórico ignorado
por muitos pesquisadores da Enfermagem
(OGUISSO, 2005). Isto posto, a reflexão acerca da temática da enfermagem em seu aspecto histórico ainda exige desmistificações. Alguns desses aspectos podem ser avaliados nos depoimentos das alunas da Escola Lauriston Job Lane. Desses, a compleição
física é um tema que desperta interesse, como permite entrever
a fala de uma das depoentes quando esta afirma que: ...o
grupo de estágio da ortopedia, três alunas, era muito pequeno
nós éramos divididos pelo porte físico. Os maiores, mais
corpulentos e fortes, ficavam na enfermaria masculina com pacientes mais pesados, e os menores na feminina. Ou
quando relata: Quando nós chegamos no hospital havia um padrão de enfermagem, como tipo físico, tinha
que ter no mínimo um metro e setenta de altura, ser de
cor branca e não se admitia homens.
Gênero, Memória e Narrativas – ST 41
"Mulheres que Cuidam: Depoimentos Orais das Ex-alunas
da Escola de Enfermagem Lauriston Job Lane". Saiba mais...
História da Enfermagem no Hospital Samaritano. Saiba mais...